Devagar também se chega tarde

Poderia começar este texto a argumentar que o Braga estacionou o camião à frente da baliza, que o Brahimi se lesionou numa altura em que precisávamos dele, que Marte não estava alinhado com Júpiter e que a conjugação destes factores juntamente com uma dose anormal de azar, provocaram um empate que acabou por ser injusto (apesar de ter começado este texto extactamente assim).

Poderia, mas relativamente a este jogo vou apenas dizer que começa a ser óbvio que não temos capacidade mental (pois parece-me que temos jogadores suficientemente bons) para não falhar em momentos decisivos. Não relembro o que se passou na época passada, mas já nesta época falhamos alguns penaltis (metaforicamente falando) que poderão ser decisivos nas contas finais do campeonato. Como não sou alarmista, vou esperar mais umas jornadas para aferir se as minhas preocupações são reais. Mas se não temos capacidade para ganhar em casa a equipas demasiado defensivas, vai ser complicado jogar com qualquer equipa portuguesa que venha ao Dragão.

Um tema que tenho andado a saborear há uns dias é o tema “Uma prostituta escreve um livro e desencadeia uma investigação, um arbitro fala em pressões para beneficiar um clube e não tem idoneidade para o fazer” (algo que um colega portista me relembrou quando leu esta notícia). É um tema bastante incómodo para 14 milhões de pessoas mas não deixa de ser real a dualidade de critérios morais que estes adeptos do clube dos outros demonstram quando enterram a cabeça na areia mais uma vez e acham que é normal que isto aconteça, ao considerarem que o árbitro Marco Ferreira é menos credível que a outra senhora que acendia cigarros para esconder o cheiro a flato, sempre que o nosso grande presidente decidia descomprimir. Isto é tão descaradamente irracional que as minhas suspeitas de que ser benfiquista é um defeito de carácter começam a fazer cada vez maior sentido (que me perdoem os meus amigos adeptos do clube encarnado, mas o exagero faz parte da sátira). Quanto a este tema tenho tudo dito, acrescento apenas que depois do caso da caixa Eusébio, se não houver qualquer desenvolvimento relativamente a isto, penso que tudo é permitido no futebol português, como se pode comprovar pelo comportamento deplorável dos dirigentes dos verduscos e dos fanfarrões iluminados durante este último mês.

Mas o que me incomodou ontem (menos do que ter caído para o segundo lugar, mas ainda assim o suficiente para ter vontade de verbalizar o meu desagrado) foi a falta de savoir gain que o Jasus sempre demonstrou e que ontem conheceu novos picos. A conferência de imprensa teve tanto de incorrecta a um nível gramatical, como de gabarolice farfante (perdoem-me o pleonasmo). Tenho visto muitos a justificar a atitude com as constantes pressões de que o sr. tem vindo a ser alvo pelo clube de Carnide (uma palavra de apreço aos anormais que revelaram num fórum da especialidade, os números de telefone do profeta e de alguns jogadores dos verdes) mas na verdade, se a fanfarronice quando era treinador do clube dos outros era enorme, imaginem como estarão os níveis de sobranceria do indivíduo agora que está num clube pior e ganha fora onde nenhum outro treinador desse clube ganhava há 60 e tal anos. É pena, pois tinha hipótese de sair em grande da luz e saiu do tamanho da sua educação e humildade.

Quanto ao resto, penso que foi um jogo disputado até ao 3º golo do sporting lisbon, mas sem grandes momentos nos minutos subsequentes. Acabou por ser uma vitória justa que penalizou a equipa que tentou esgrimir maiores argumentos fora do campo, quando o deveria ter feito dentro.

P.S. – Uma palavra a Lopetegui: o Paulo Fonseca também disse que ia ser campeão por isso aconselho a dosear o optimismo depois de um resultado negativo. Aquele que conseguia prever o futuro, infelizmente já morreu… Estou a falar do Zandinga, como é claro.

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