Oh captain, my captain.

Ontem esperei durante todo o dia, com alguma expectativa, pela entrevista ao NGP. A expectativa era relativa ao conteúdo das perguntas, pois não gosto de conversa fiada. Mesmo sendo no Porto Canal, mantive sempre a convicção de que Júlio Magalhães não iria facilitar nas questões e foi exactamente o que aconteceu.

Já as respostas, bem… as respostas foram uma amalgama de verborreia oca que serviu apenas para afumar a imagem de um homem que tanto respeito e cujo lugar no nosso clube está assegurado mesmo depois da sua morte.

Depois de 10 minutos a divagar sobre petardos e faixas, fez grandes considerações acerca de activos, passivos e capitais próprios, como se fosse um guarda-livros reformado, que ainda faz contas à mão, sendo lamentável se alguém embarcar na narrativa de que o nosso clube goza de uma saúde financeira impar.

Houve porém uma altura em que voltei a sentir a confiança que o NGP sempre me transmitiu quando diz que esta época acabou e que a partir de agora os jogadores deverão esforçar-se para se manterem no clube, pois caso contrário sairão, independentemente do estatuto que tenham. Só que logo depois, quando ouvi o programa eleitoral , senti outra vez aquele medo, como quando ouço alguns adeptos a falarem, sem sentirem qualquer necessidade de serem coerentes e utilizarem a razão, em vez do senso comum.

Se há coisas na minha vida que detesto é sentir desilusão relativamente aos meus heróis de criança. Não gostei de ouvi-lo a justificar mal as comissões pagas a amigos e familiares, pois os argumentos que utilizou apenas servem de justificação aos pobres de esprito. Não duvido que todos os clubes paguem comissões a agentes. Só os mais mentecaptos é que poderão achar o contrário. Mas deveria ter feito o mea-culpa não na contratação do treinador (que enganou bem nos primeiros 6 meses de casa), mas exactamente por ter deixado que interesses privados de pessoas da sua esfera de relacionamentos, se imiscuíssem com os superiores interesses do clube. Nem que fosse para não suscitar qualquer dúvida acerca da existência de um conflito de interesses neste tipo de transações comerciais.

Sempre confiei no seu bom senso na escolha de treinadores, mesmo quando contratou o Octávio ou o Paulo Ferreira (talvez esteja a exagerar no Octávio). Isto porque sempre conseguiu transformar o insucesso de um ano num estrondoso sucesso em anos subsequentes. Por isso espero que o pouco sumo que consegui extraír da entrevista se converta na convicção, que me pareceu genuína, que o NGP tem em mudar o rumo do nosso grande clube.

Muitos já nos fazem o funeral, outros atacam-nos de forma deliberada para esconderem arbitragens tendenciosas que têm levado ao colo clubes do regime (estou a falar do CM e da sua linha editorial anti-Porto). Precisamos de uma direção forte que responda de forma segura às acusações de que são alvo, e que lutem da mesma forma contra os inimigos externos. E quando digo segura, não é a balbuciar em entrevistas televisivas nem de forma estéril em newsletters manhosas.

Os nossos inimigos não são as vozes divergentes que surgem nas derrotas! Todos têm direito à sua opinião. Agirem contra pessoas como o Miguel Sousa Tavares ou o Carlos Amorim (pessoa por quem não nutro especial apreço) é contra-natura. Deram a sua opinião. Se os visados nessas opiniões se sentirem ofendidos, então individualmente que realizem as devidas diligências, sem que com isso, escoem mais recursos do clube, em honorários.

Para terminar, eu sei que não sou presidente do meu clube. Mas como adepto fervoroso desde que nasci, penso que posso tecer considerações acerca do rumo que gostaria que o meu clube tomasse. Por isso aqui vai:

. No próximo ano era necessário escoarem todo o refugo de jogadores contratados e que se mantêm emprestados ad-nauseam (Licá, Sami, Ghilas, Fabiano, Adrian, Fernandez, Djalma, etc…).

. Manterem aqueles que mais se esforçam e que mereciam melhores companheiros (sugestão: Maxi, Layun, Indi, Danilo, Ruben Neves, André André e Suk).

. Integrarem jogadores portugueses que têm jogado na equipa B e outros que estão emprestados (sugestão: Rafa, Ricardo Pereira, Hernani, André Silva e Ivo).

. Deixarem de queimar dinheiro com “pacotes promocionais” e “leve 5 pague 4”, pois temos matéria mediana suficiente para fazer um bom plantel, não havendo necessidade de recorrerem a medianismo estrangeiro.

Uma palavra para o NGP: nunca será persona non grata no meu livro (figurativamente falando). Terá sempre o destaque que merecem os imortais. Mas todos nós seremos tão bons como a ultima cagada que fazemos por isso peço-lhe, se sente que não tem mais forças para afastar o conformismo, saia pela porta grande e dê lugar a alguém com sangue na guelra. Não lhe dificulte o caminho e abrace-o como todos nós o abraçamos durante os melhores anos da sua vida.

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