Assobiar para o ar

Depois de se saber que o sporting perdeu na Madeira, restava apenas a dúvida se conseguiríamos fazer o que não temos conseguido nos últimos tempos. Estavam reunidas as condições para assumirmos o primeiro lugar no campeonato e se não ganhássemos, falharíamos mais um penalti, na minha opinião, o último com este treinador.

A equipa que subiu ao relvado não foi muito diferente da que jogou com o Nacional, mas desta vez pareceu-me que os jogadores estavam motivados. Talvez por estarmos a jogar em casa, talvez porque a vontade de ser campeão reapareceu em alguns jogadores, certo é que durante quase 90 minutos o Porto foi uma equipa consistente, coesa e bem balanceada para o ataque.

De todos os jogadores que estiveram em campo gostei muito da exibição do Rúben Neves (não parece que tem 18 anos dada a maturidade que apresenta em campo), do Danilo e do Brahimi. Este último pareceu-me que ao contrário do que aconteceu noutros jogos, percebeu que tem de render mais contra equipas mais fracas. Um jogador que me tem surpreendido desde que chegou foi o Layun, pela positiva entenda-se, e espero sinceramente que se possa manter no clube por mais tempo. Já Maicon parece-me em sub-rendimento (muitos me dizem que é o seu nível normal mas quero acreditar que não) e Abouba continua a mostrar algum desacerto no momento da finalização.

Já há algum tempo que não gostava de ver um jogo do meu clube e assim, espero que este seja o início de uma nova tendência duradoura especialmente tendo em conta que jogamos com os viscondes no início de 2016.

A próxima jornada levar-nos-á a defrontar um adversário que tem tanto de fanfarrão como de tirano. E dado a nossa apetência em lutar contra injustiças, penso que poderemos, e temos jogadores com qualidade para o fazer, mostrar definitivamente que não estamos moribundos, e que estamos sedentos de uma vitória, num confronto que se estende para lá de um mero jogo de futebol (posso muito bem ter exagerado na toada).

Quero terminar este texto com o seguinte: já muito critiquei a piosidade de alguns colegas portistas mas devo dizer que excesso de zelo também é defeito. Assobiar a equipa no final de um jogo quando se sente que a equipa não se esforça e que o treinador inventa ainda percebo, agora assobiar a equipa quando está a jogar bem ou quando o treinador não substituí quem achamos que deve substituir é algo que não entendo e penso até que não é legítimo de tão aberrante que é. Queria, como muitos, que Lopetegui tivesse dado uma oportunidade a André Silva, mas assobiar um jogador portista que entra em campo, só se justificará se o mesmo se chamar Simão Sabrosa, Luisão ou Maxi Perei… Espera, este último é uma joia de um moço.

Sendo assim, critiquem só quando devem, pois ninguém é ou deverá ser imune a críticas. A crítica e o inconformismo são os principais catalisadores da mudança e a mudança não é inimiga do sucesso… Muito pelo contrário. Peço é que mostrem algum discernimento no momento em que o fazem pois arriscam-se a ser injustos. E ontem no estádio, muitos de vocês foram.

 

Vítima das circunstâncias

Que hoje ninguém me diga que Lopetegui é uma vítima das circunstâncias! Que ninguém me diga que tinha poucos jogadores ao seu dispor, que estava demasiado frio, que fomos roubados no jogo de Kiev, que tivemos azar porque o André André se lesionou e que os assobios destabilizaram tanto a equipa que não conseguiram jogar concentrados!

Peço que o façam, não para benefício próprio, mas porque me preocupo com a vossa saúde mental e com a percepção que as outras pessoas têm acerca disso mesmo. Quando ouço um portista a arranjar 1001 desculpas para justificar o mau momento da NOSSA equipa, começo a lembrar-me de todos aqueles anos em que dominamos o futebol português, com aquele ruido de fundo de benfiquistas e sportinguistas, a justificarem o obvio com teorias da conspiração.

Nós somos diferentes, não porque somos megalómanos, mas porque durante anos lutamos contra um desígnio que nos era imposto por um país centralizado. Quando não sabemos identificar os nossos erros e omissões e culpamos todos, menos os verdadeiros responsáveis, começamos a cometer os mesmos equívocos dos outros, e tornamo-nos num cliché.

O jogo ontem não era importante, pois todos sabíamos que era muito difícil ganhar em Londres ou que o Maccabi ganhasse em Kiev. O nosso treinador também o sabia e dadas as expectativas, ninguém ficaria surpreendido que apostasse numa equipa vocacionada para o ataque. Mas ao contrário de tudo o que é logico, começa o jogo com 3 centrais e 0 pontas de lança… Perdemos bem, nos últimos minutos podíamos ter sofrido mais golos, e não soubemos aproveitar o mau momento de forma de uma das melhores equipas da europa. Podia entrar em considerações técnicas, mas quanto ao jogo, nada tenho mais a dizer.

Já sei que é pecado criticar qualquer acção do NGP, homem que tantas alegrias nos deu e que colocou um clube regional no patamar onde merece: na mente e no coração de milhões de pessoas em todo o planeta (não chegamos aos 14 milhões, mas somos bastantes), tornando-o num clube mundial. Sempre respeitei as posições que tomou, para benefício do NOSSO clube, nomeadamente na protecção que deu aos treinadores que menos contribuíram para o sucesso do Porto. Mas por vezes, não lhe gabo a teimosia.

Como não tenho palas nos meus olhos, vejo alguns dos méritos do nosso estimado treinador. Podem culpa-lo de muita coisa, mas o que é certo é que descobriu o Ruben Neves e apostou nele aos 17 anos. Conseguiu atrair bons jogadores para o nosso clube como o Oliver ou o Casimiro. Mas nunca conseguiu criar um estilo de jogo atractivo que fosse permanente. Alternamos sempre boas exibições, com exibições paupérrimas.

Espero que a equipa encontre o caminho e que Lopetegui encontre uma forma de se tornar no treinador que todos esperamos que seja. Mas começo a ver padrões “a la” Paulo Fonseca que me começam a preocupar.

Todos os ciclos têm um início e um fim e temo que o deste estimado senhor esteja a encurtar-se. Bem sei que teremos que esperar até ao final da temporada para que algo mude (a não ser que saia pelo seu próprio pé) mas mais do que tudo, espero que encontre a chama que parece ter perdido, e nos direcione para o sucesso ainda esta temporada. Só ele o poderá fazer.

Não irei hoje entrar em grandes considerações acerca de jogadores específicos, mas também me parece evidente que o mau momento de forma de alguns deles tem influenciado o rendimento de toda a equipa. De qualquer forma, não é legítimo que imputemos essa culpa também ao treinador.

Acabo então, dizendo o seguinte: parem de relembrar os 5-0 no Dragão, os 3-2 ao Celtic em Sevilha, os 7-0 do Celta, o penalti escandaloso do Naldo ou o manto protector. Não nos serve de nada! Temos jogado mal, e apesar das más arbitragens, deveríamos fazer muito mais e melhor. Por isso peço que não sejam como os vermelhuscos e os esverdeados, que se alimentaram durante uma vida com a memória de glórias que nunca presenciaram. Queiram e peçam mais ao NOSSO clube. Não há mal nenhum nisso!

 

P.S. – a diferença entre um adepto que é sócio, e outro que não o é, é apenas o dinheiro. E quando se capacitarem disso, verão que a superioridade que sentem por poderem pagar quotas e um lugar anual traduz-se apenas em falta de humildade (falo unicamente para quem esta carapuça lhe assenta).

Malapatas

E pronto, a malapata madeirense acabou, mesmo contra uma força natural que teimava a impedir que isso acontecesse. Mas mesmo depois de ultrapassarmos ventos ciclónicos e o nevoeiro cerrado, pareceu-me que tivemos de nos sobrepor ao maior obstáculo de todos: Bruno Paixão. Como este senhor se tornou árbitro é algo que nunca irei perceber e mais uma vez fomos ultrajados por um individuo que parece mandatado pelo “big brother” para dificultar o nosso já sinuoso caminho.

Ao contrário do que aconteceu muitas vezes esta época, conseguimos materializar a superioridade demonstrada nos minutos iniciais, marcando aos 25 minutos o terceiro golo, permitindo que a equipa conseguisse controlar o jogo de forma confortável. Destaco o trabalho de Layun, do Maxi e do Corona nestes minutos, que com engenho e alguma sorte, lembraram-me do potencial que temos para jogar bom futebol. Conseguiram também calar as mães da Madeira, que não sabem que os tachos que levam para o campo, deveriam servir para alimentar os filhos, e não para produzir barulho.

Depois dos 25 minutos, começou a sentir-se a mão pesada do árbitro, que talvez surpreso pelo inicio demolidor do FCP, não tivesse conseguido tornar-se protagonista desde cedo. Assim, depois do embate inicial, começou a espalhar a sua magia e a tornar um jogo que estava a decorrer normalmente, num espectáculo deprimente. Certo também é que os outros intervenientes, nomeadamente os jogadores do nosso clube, desaceleraram e baixaram as linhas. De qualquer forma interrogo-me como é que é possível o árbitro, juntamente com um fiscal de linha e um quarto árbitro, conseguirem ver uma entrada maldosa de Osvaldo, quando nas imagens vê-se claramente que apesar da impetuosidade, o nosso jogador não toca no jogador do União da Madeira. É estranho e pareceu-me “encomendado”. Como muitos “serviços” que este triste personagem já prestou aos outros clubes.

Dito isto, devo dizer que apesar de ter gostado dos primeiros minutos do jogo, não gostei do desempenho de alguns jogadores, que parecem em sub-rendimento. Um deles é Osvaldo, que parece dar razão aqueles que reclamam por uma oportunidade de André Silva provar que é uma alternativa (incluo-me neste lote). Não gostei também de ver o calvário do Herrera, que apesar de ter marcado um golo, consegue falhar constantemente tanto passes longos como curtos. De resto penso que nas laterais não há dúvidas de quem deve jogar (apesar de não termos alternativas) e nas extremas, tanto Brahimi como Corona estiveram bem, mas dado a sua falta de apetência defensiva, talvez não seja uma dupla usada em jogos com equipas mais fortes.

Espero que este jogo tenha servido para começar uma etapa nova, e que as boas exibições comecem a ser uma constante e não aconteçam em alternância com exibições que nos fazem sentir pouco seguros relativamente a uma equipa que tem o dever de fazer muito mais. O jogo contra o Tondela foi dos piores que vi do meu clube.

Quero acabar este texto abordando o tema da compra dos direitos televisivos e da btv pela ZON, num negócio que poderá chega aos 400 milhões de euros dizendo o seguinte: pela primeira vez fico contente por ser cliente da MEO e espero que a ZON seja obrigada a deixar de patrocinar a Liga Portuguesa de Futebol. Ser patrocinador oficial de uma competição e ser ao mesmo tempo detentor dos direitos televisivos de uma equipa especifica pressupõe a existência de um conflicto de interesses que é demasiado óbvio para poder esconde-lo no mesmo baú onde colocam a caixa Eusébio. De qualquer forma, penso que é um bom negócio para os outros e pode ser que ajude o nosso a negociar no futuro, melhores condições de venda dos seus direitos.