Chicotadas com um chicote curto

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E lá perdemos outra vez, num mês que prometia mudanças mas que em tudo se assemelha aos anteriores.

O jogo resume-se a uma frangalhada monumental daquele que ouvi dizer ser o melhor guarda-redes do mundo e de uma equipa a atacar sem discernimento, contra uma outra que se preocupou apenas em defender (e fizeram eles muito bem, pois resultou). Poderia discutir uma grande penalidade que poderia existir, se fossemos um clube lisbonense (na minha opinião o jogador do vitória tinha poucas hipóteses de evitar o contacto com a bola) e uma expulsão inacreditável do Aboubakar, cujo desacerto no momento de empurrar a bola para a baliza rivalizou com a sua capacidade de análise e de bom senso no momento em que apanha o primeiro amarelo.

Se isto tivesse acontecido há uns anos, hoje a máquina da nossa propaganda estaria a incendiar todos os meios de comunicação, algo que teria maior pertinência até, no jogo para a taça com o Boavista em que fomos gozados por um árbitro que foi lá colocado para legitimar a agressividade dos nossos adversários. Mas algo sobressai disto tudo: temos uma direcção que está enfraquecida com um presidente que já não dá a cara nos momentos difíceis, como o fez outrora.

Já o escrevi aqui que nunca teremos outro presidente como o NGP, mas começo a pensar se não estará na altura de pensarmos em preparar a sucessão. E quando digo sucessão não estou a falar de Anteros, Adelinos, Fernandos, Reinaldos e afins. Penso que chegou altura de aparecer uma nova geração de dirigentes que reúnam competências em gestão desportiva e capacidades de relacionamento interpessoal, que os permitam influenciar positivamente os destinos do nosso clube, em todas as competições em que está inserido. Em português ligeiro, que sejam honestos, que percebam de bola e que conheçam a podridão dos meandros do futebol mas que saibam movimentar-se com sucesso nessa escória.

Não sou ingrato e não tenho memória curta, no entanto (e espero que entendam) estou muito agradecido ao homem que inventou o lápis, apesar de hoje em dia escrever principalmente com o teclado do meu computador (como poderão comprovar se estiverem a ler este texto). O mundo sempre evoluiu rompendo com paradigmas, que terão sempre valor quando contextualizados nos momentos em que eram globalmente aceites. A fórmula de sucesso que utilizamos até aqui não está a funcionar e algo terá de mudar, pois parece que nos estamos a aproximar de um precipício e não faltam candidatos a dar o último empurrão (como poderão comprovar se derem uma vista de olhos à capa da maioria dos jornais desportivos).

Não aprecio que estejam a queimar um dos maiores símbolos do nosso clube (Rui Barros), cujo coração e entrega ao clube disfarçam a sua falta de experiencia para o lugar que agora ocupa. Não aprecio também que ninguém da direcção tenha vindo a público fazer o mea culpa relativamente à contratação de Lopetegui e que tenha explicado o que se passa com a escolha do novo treinador. Saber que não é Fernando Pessoa ou Guerra Junqueiro tem pouca piada, mesmo quando se profere tamanha chalaça depois de almoço.

Em suma, poderei apenas estar desiludido com o que se está a passar com o nosso clube, organização que se pautava por valores mais altos do que os do enriquecimento pessoal. Porém, parece-me que seguimos o caminho dos perdedores e espero que qualquer dia não nos tornemos num sporting ou num benfica. Ser adepto de um desses clubes é para mim um defeito de carácter não por que me foi incutido um odio irracional por pessoas que não conheço, mas porque lhes reconheço, na sua maioria, características fanfarrónicas muito comuns em indivíduos que estão presos ao passado. E eu recuso-me a ser essa pessoa.

 

 

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