O meu Portismo é melhor do que o teu

Já não escrevia há uns tempos porque com interrupções de campeonato e com tanta areia que anda por aí no ar acerca dos clubes da 2ª circular, não tinha nada de relevante para opinar, ou antes, nada que me parecesse pertinente.

Hoje porém, comecei logo pela manhã, a sentir um certo desconforto com a piosidade de alguns companheiros portistas que impelidos pelo seu beatificado portismo, acham que são os profetas de uma corrente de clubismo que deve ser partilhado por todos nós.

Dado que sou alguém que sempre pensou pela sua própria cabeça (e ateu convicto), venho desta forma dizer-vos que não gostei de ver o NOSSO clube perder um jogo que, como disse o nosso grande treinador, era o jogo mais importante da época. Ora, se perdemos o jogo mais importante da época, há que pensar bem nas expectativas relativas aos outros jogos que se avizinham.

Devo também dizer que percebo perfeitamente que não gostem de ler ou ouvir outras pessoas, portistas ou não, criticarem o nosso clube, mas também sei que quando são os próprios a fazê-lo, em casa onde ninguém vos ouve (a não ser a esposa que já não liga), não se abstêm de utilizar o extenso vernáculo que foram adquirindo durante a vossa existência.

Dito isto, venho agora expressar o meu desagrado por mais uma vez “falharmos um penalti”, algo que me parece um traço que nos começa a distinguir. Não sou pessimista mas não me parece realista esperar pela conjugação de resultados que nos garantem a passagem aos oitavos de final. Esperar que o Porto ganhe ao Chelsea, ou que o Dínamo de Kiev empate ou perca com o Maccabi, exige de mim uma certa religiosidade que não possuo.

Expresso tudo isto, não com desdém, mas como resultado de um amor paterno que nutro pelo meu clube. Aquele amor que não é condescendente, e que tenta impeli-lo para o sucesso. Já disse que não sou apologista de assobiar o clube durante o jogo mas no fim, se a equipa joga mal, se o treinador faz substituições que não se entendem, se o melhor guarda redes do mundo sofre um frango monumental, os assobios são um sintoma de que algo não está bem.

Espero que, como muitas vezes aconteceu durante estes anos, o meu clube se transcenda e supere a adversidade com todo o meu apoio, e que recupere desta inércia que se abate nos jogos que decidem títulos. Mas por vezes isso só acontece com um bocadinho de “tough love”.

Eu não sou pai, mas tenho um e já tive uma mãe. Ambos me mostraram que o mimo deve ser dado sem reservas, mas se não for retribuído, não faz qualquer sentido.

Deixe um comentário